sexta-feira, 2 de março de 2012

Vivendo (e sobrevivendo) com as diferenças


Antes de vir para Dublin umas das coisas que eu mais ouvia era que ia ser muito importante conhecer outra cultura, que morar fora nos faz amadurecer bastante e tal. Realmente tenho observado muito isso. É incrível como nos percebemos diferentes como estamos (tão) longe da nossa “zona de conforto”. Mas para mim nestes primeiros quatro meses de experiência o mais marcante tem sido o desafio diário de lidar com pessoas tão diferentes!

Não que isso seja um problema. Aliás, muito pelo contrário! Eu vejo muito mais coisas boas do que ruins. Especialmente em Dublin que você além de conhecer pessoas de todo o mundo, passa a conhecer (de fato) as diferentes culturas do seu próprio país.

O “problema” é que nem todo mundo sabe como lidar com isso tão de perto. Antes de vir você já sabe que vai dividir quarto, casa e que vai conviver com pessoas muito diferentes de você. Mas até então é tudo teoria. Quando chega aqui você percebe que as diferenças de pensamento, religião, cultura, criação, educação, respeito e até de vocabulário são muito delicadas.

Para as pessoas que já moravam sozinhas ou já dividiam apartamento/casa no Brasil pode até ser um pouco mais fácil, mas quem nunca teve essa experiência pode ser um pouco complicado. Uma amiga que já mora sozinha há anos falava disso antes da minha viagem. Disse que ia ser difícil, mas muito importante. Até minha irmã (mais nova) também disse isso já que eu vivia reclamando por dividir o quarto todos esses anos com ela. E talvez para aqueles que nunca dividiram um quarto e/ou que são filhos únicos, isso seja ainda mais difícil, né? Aqui é tudo muito mais intenso, no maior dos significados que essa palavra possa ter.

Eu sei que desentendimentos são normais em qualquer tipo de relação e não seria diferente aqui. Por isso, (normalmente) aprendemos a respeitar o (pouco) espaço do outro; a reclamar (ou calar) pela louça suja na pia ou da limpeza que não foi feita. O aluguel que ainda não foi pago, o frango que ocupa todo o espaço do congelador, o eletrodoméstico comprado sem autorização, o interfone que toca durante a madrugada... tudo, simplesmente tudo, pode vir a ser motivo de conflito.

Por isso, mente aberta, paz e tranquilidade ou você surta e deixa de aproveitar o que o intercâmbio tem de bom. Apesar de ninguém estar aqui com o objetivo único de fazer amigos, eu acho que podemos sim construir boas relações.

Eu não sei vocês, mas eu já me imagino daqui a alguns anos, viajando o Brasil (e o mundo) para visitar as pessoas bacanas que eu conheci aqui e recebendo na minha cidade todas elas também. Isso sim é intercâmbio!

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