quarta-feira, 12 de maio de 2010

As aventuras de uma jovem consumista

Hoje entreguei minha resenha da primeira disciplina do curso de MBA em Marketing. Para isso, foi solicitado escolher um livro qualquer, sem tema definido. Eu escolhi Os Delírios de Consumo de Becky Bloom. Eu já iniciei outros quatro livros, mas este eu recebi emprestado de uma amiga e achei o tema consumo muito propício, além de me incentivar a ler (e devolver) logo!

Como hoje entreguei a resenha, gostaria de dividí-la com vocês. Em breve, vou assistir ao filme e fazer um paralelo entre os dois e posto aqui também. Acho que vai ficar bem interessante! Espero que gostem do trabalho e, se aceitarem a indicação, também curtam o livro tanto quanto eu!

Leiam abaixo ou, se preferir, clique aqui!

Uma resenha de:
KINSELLA, Sophie. Os Delírios de Consumo de Beky Bloom. Trad. Eliane Fraga. 15ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2009. 432 p.


Sophie Kinsella, nascida Madeleine Wickham, é uma escritora londrina, 40 anos, ex-jornalista de economia, especialista na área financeira. Em 2000, ela iniciou sua carreira de escritora, com o romance Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, originalmente The Secret Dreamworld of a Shopaholic. Livro este que tornou-se um best seller, sendo adaptado, inclusive nos cinemas. Pelo sucesso de sua primeira obra, a autora lançou ainda outros quatro livros da série Becky Bloom, que acumularam, ao todo, o expressivo número de 15 milhões de cópias vendidas, além da publicação de outros 12 títulos. No Brasil, o primeiro livro da autora foi traduzido por Eliane Fraga, distribuido pela editora Record e já está em sua 15ª edição.

Sua carreira como jornalista de economia, especializada em mercado financeiro, e a paixão por compras impulsionadas pelas ações de marketing das grandes marcas, serviram de inspiração para a personagem Rebecca Bloomwood. Na orelha do livro, a própria autora justifica a vontade de escrever a obra “[...] logo que a personagem, uma extraordinária consumidora consumista compulsiva, surgiu em minha cabeça, gostei tanto dela que precisei escrever. Tinha de criar situações para ela, dividi-la com as outras pessoas”. E realmente não é difícil encontrar Becky entre as diversas mulheres (e homens) que não conseguem resistir às liquidações.

De leitura fácil e cativante, a obra de 432 páginas prende o leitor do início ao fim com as diversas aventuras e armações da jovem Becky, de 25 anos. Apesar de ser jornalista e escrever artigos sobre o mercado financeiro, a personagem não está nada satisfeita com a vida que leva, já que é compulsiva por compras e não consegue pagá-las. Inúmeras são as cartas (e ameaças) do cartão de crédito e do gerente do banco, mas ela as ignora acreditando que, um dia, com certeza ganhará na loteria, casará com um homem rico ou alguma senhora bondosa e descuidada pagará sua fatura, sem perceber. Um romance cheio de confusões também ilustra esta história, deixando o leitor ainda mais curioso para saber como vai terminar a divertida saga de Rebecca.

Algumas características são muito peculiares ao livro. A história é dividida em 24 capítulos, que são intitulados com a contagem (Um, Dois, Três...), o que faz o leitor se questionar o porquê desta (inusitada) escolha. Outra perceptível singularidade é a fonte utilizada na impressão. Bernhard Modern em corpo 13 e 16 foi a tipologia escolhida e que funcionou bem, por se tratar de uma obra dinâmica e leve que permite estas diferentes escolhas e não prejudica em nada a leitura. Combinando, inclusive, com a linguagem utilizada no decorrer da narrativa que conta com muitos diálogos, pensamentos e desejos da personagem.

A ironia do livro é que esta personagem escreve para a revista Successful Saving, sobre mercado financeiro, mas não aplica as orientações na vida pessoal e, na verdade, nem entende muito do assunto.
Obviamente ainda não sei nada sobre finanças. As pessoas no ponto de ônibus sabem mais sobre esse assunto do que eu. As crianças nas escolas sabem mais do que eu. Há três anos desenvolvo essa atividade e ainda estou esperando que alguém me contrate para outro lugar (p. 20).

Moda é seu assunto favorito e por isso ela sonha que um dia possa trabalhar em uma renomada revista do segmento e aplicar todos os conhecimento que o consumo excesivo lhe ensinou.

Para (tentar) fugir dos problemas, Becky ignora as cartas de cobrança e vive dando as mais esfarrapadas desculpas para não encontrar o gerente do seu banco, o temido Derek Smeath. Sua falta de controle nos gastos é sempre justificada com a necessidade que ela acredita ter na compra das mais variadas futilidades. E detalhe: todas bem “renomadas”, a exemplo de Jigsaw, La Senza, Spacsavers, Denny and George, Quaglino’s, Next, dentre muitas outras.

Para isso, seu maior aliado é o cartão de crédito, que a autora faz questão de frisar que é da marca VISA, fazendo o leitor se perguntar qual a necessidade desta referência (patrocínio?). Outra grande aliada de Becky é sua amiga Suze, com quem divide apartamento. Em um dos muitos exemplos de generosidade durante a trama, a colega chega a produzir molduras para levantar algumas libras para a personagem. Isso sem falar no pagamento de algumas dívidas do imóvel que Suze releva por perceber que Rebecca ainda está enrolada com as contas pessoais.

Mas Becky não se faz de vítima em momento algum. Alías, quase ninguém sabe a gravidade de seu problema, nem mesmo seus pais. E também não se trata de uma personagem extremamente fútil e egoísta. Ela é doce, engraçada, sonhadora e sincera, o que leva o leitor a se identificar em muitas situações. Inclusive com a descrição detalhada que ela faz sobre seu prazer durante as compras. “Estou sonhando? É uma miragem? Vejo uma caixa registradora com uma fila de pessoas e uma vitrine com mercadorias e etiquetas de preço... Ah, meu Deus, eu estava certa! É uma loja, tem uma loja bem aqui na minha frente!” (p. 129).

Para tentar fugir dos problemas com as dívidas, Becky recorre à casa de seus pais, mas mesmo sem contar a gravidade da situação, estes sempre percebem quando a filha precisa de apoio. É então que seu pai, ao falar sobre problemas de dinheiro, tem um conselho que soa como uma verdadeira estratégia de sobrevivência para Rebecca: Decidir entre C.G. (Corte de Gastos) ou G.M.D. (Ganhe Mais Dinheiro). Mas Becky só se convence que realmente é o momento de agir, após o sonho da loteria ter acabado quando os números que ela escolheu cuidadosamente não foram os sorteados como ela havia planejado. “Talvez meu pai esteja certo, penso com tristeza. Talvez Cortar Gastos seja a resposta” (p.79). Achando que talvez possa encontrar as soluções de seus problemas, Becky compra o livro Controlando seu Dinheiro e promete seguir à risca os ensinamentos do autor David E. Barton. As trapalhadas e aventuras dessa (frustada) tentativa são repletas de criatividade.

Após ser convencida por Suze que esta (definitivamente) não é a melhor estratégia para resolver seus problemas, a personagem então define que precisa ganhar mais dinheiro. E, após uma temporada fugindo de todos os problemas na casa dos pais, ela consegue encontrar a solução mais inesperada: a afinidade com sua profissão.

O livro, destinado especialmente às mulheres, sobretudo as que se identificam com o prazer das compras, chega ao fim com a leveza das histórias que tem como objetivo levar diversão ao leitor. Entretanto, por já ter outros títulos da mesma série, permite aumentar a curiosidade das pessoas que querem acompanhar a divertida saga da personagem após o sucesso de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Compartilhe suas ideias!